quinta-feira, 5 de abril de 2012

A pequena morte - Eduardo Galeano

Não nos provoca riso o amor quando chega ao mais profundo de sua viagem, ao mais alto de seu voo: no mais profundo, no mais alto, nos arranca gemidos,e suspiros, vozes de dor, embora seja dor jubilosa, e pensando bem não há nada de estranho nisso, porque nascer é uma alegria que dói. Pequena morte, chamam na França a culminação do abraço, que ao quebrar-nos faz por juntar-nos, e perdendo-nos faz por nos encontrar e acabando conosco nos principia. Pequena morte, dizem; mas grande, muito grande haverá de ser, se ao nos matar nos nasce.



Galeano, Eduardo, 1940-
Mulheres/ Eduardo Galeano; tradução de Eric Nepomuceno.- Porto Alegre: L&PM,2011.

Nenhum comentário:

Postar um comentário