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domingo, 19 de junho de 2011

Álibi - Guilhermede Almeida

Não estive presente
quando se perpetrou
o crime de viver:
quando os olhos despiram,
quando as mãos se tocaram,
quando a boca mentiu,
quando os corpos tremeram,
quando o sangue correu.
Não estive presente.
Estive fora, longe
do mundo, no meu mundo
pequeno e proibido
que embrulhei e amarrei
com cordéis apertados
de meridianos meus
e de meus paralelos.
Os versos que escrevi
provam que estive ausente.

Eu estou inocente.



Almeida, Guilherme de,1890-1969.
os melhores poemas de Guilherme de Almeida/seleção de CarlosVogt - 3ªed.
São Paulo-:Global,2004.

sábado, 21 de agosto de 2010

Essa que eu hei de amar - Guilherme de Almeida

Essa que eu hei de amar perdidamente um dia,
será tão loura, e clara, e vagarosa, e bela,
que eu pensarei que é o sol que vem, pela janela,
trazer luz e calor a esta alma escura e fria.

E, quando ela passar, tudo o que eu não sentia
da vida há de acordar no coração, que vela...
E ele irá como o sol, e eu irei atrás dela
como sombra feliz... - Tudo isso eu me dizia,

quando alguém me chamou. Olhei: um vulto louro,
e claro, e vagaroso, e belo, na luz de ouro
do poente, me dizia adeus, como um sol triste...

E falou-me de longe: "Eu passei a teu lado,
mas ias tão perdido em teu sonho dourado,
meu pobre sonhador, que nem sequer me viste!

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Soneto VIII - Guilherme de Almeida

Por que confiado estou dos fingimentos
de mores bens e de menores danos,
se o de que vive amor são desenganos,
se o de que morre são contentamentos?
Ah! que tomar pudera aos meus tormentos
que em outro tempo tive por tiranos!
Que hoje é dias, semanas, meses, anos,
séc'los aquilo que era só momentos.
E vejo a vida assim tão mal devida
ao mal d'amor que tanto bem lhe deve
e lhe paga co duro desfavor.
Por que viver d'amor e amar a vida,
se para o bem amar a vida é breve,
se para o bem viver é breve o amor?

Eu em ti, tu em mim, minha querida - Guilherme de Almeida

Eu em ti, tu em mim, minha querida,
nós dois passamos despreocupados,
como passa, de leve, pela vida,
um parzinho feliz de namorados.

E assim vou, e assim vais. E assim,unida
à minha a tua mão, de braços dados,
assim nós vamos, como quem duvida
que haja, no mundo, tantos desgraçados.

Um dia, para nós - não sei... quem sabe? -
é bem possível que tudo isto acabe,
que sejas mais feliz, que fique louco...

Mas nunca percas, nunca mais, de vista
aquele moço sentimentalista
que te quis muito e a quem quiseste um pouco!

Balada do solitário - Guilherme de Almeida

Edifiquei certo castelo
por uma esplêndida manhã:
brincava o sol, quente e amarelo,
numa alegria incauta e sã.
E eu quis fazer, ó louco anelo!
desse palácio encantador
o ninho rico, mas singelo,
do teu, do meu, do nosso amor.

Por isso, em vez do som do duelo
tinindo em luta heróica e vã,
fiz soluçar um "ritornello"
em cada ameia ou barbacã...
Depois, tomando o camartelo,
alto esculpi, dominador,
esse brasão suntuoso e belo
do teu, do meu, do nosso amor.

De que serviu? se elo por elo
dessa paixão de alma pagã
rompeste a golpes de cutelo,
ó minha loira castelã?
Hoje estou só, sozinho, e velo
por este imenso corredor
que corre, corre paralelo
ao teu, ao meu, ao nosso amor.

OFERTÓRIO

A ti, Princesa, eu te revelo
esta canção, que um trovador
virá cantar pelo castelo
do teu, do meu, do nosso amor!

quarta-feira, 21 de julho de 2010

Nós XXlll - Guilherme de Almeida

Eu não fui mais que um cético suicida
que passou, pelo mundo, indiferente,
a passos leves, esbanjando a vida
prodigamente, perdulariamente.

"É um pobre moço! Um doido! Nem duvida
dessa mulher!" - dizia toda gente.
Mas eu passava de cabeça erguida
e te levava a vida de presente!

Dei-te quanto pediste. Ingênua e nua,
minha alma toda ficou sendo outrora
tua, só tua, unicamente tua.

Quis dar-te mais: tu nada mais quiseste!
Pelo bem que te fiz, padeço agora
a saudade do mal que me fizeste.

sábado, 5 de junho de 2010

Como essas coisas começam - Guilherme de Almeida

Era uma vez... Mas eu não sei como, onde, quando, por que foi isso. Eu sei que ela estava dançando.
O jazz-band esgarçava o véu de uma doidice.
Ela olhou-me demais - e um amigo me disse:
- "Cuidado! É sempre assim que essas coisas começam!"

Estas frases banais, vazias, me interessam,
porque elas sempre tem, à flor de certas bocas,
a ressonância musical das coisas ocas.

Deixei meu sonho ecoar dentro daquela frase:
e senti, sem querer, necessidade quase
de começar alguma coisa...

Ontem, o amigo
- o precioso banal - encontrou-se comigo.
Ele pôs num sorriso esta frase indiscreta:
- "Então, quando é que acaba essa história, meu poeta?"

A espera - Guilherme de Almeida

Vem... Não vem... - Olho a rua: é outono. E o outono
tem um grande prestígio emocional:
vem todo cheio de alma e de abandono
e entra em meus nervos lânguidos de sono,
como a ponta excitante de um punhal!

Vem... Não vem... - Na paisagem amarela
da rua doente há um contagioso spleen.
Fico auscultando o vidro da janela:
passa um vento nervoso - e eu penso nela;
voa uma folha morta - e eu penso em mim.

Vem... Não vem... - Cada voz perdida, ou cada
figurinha ligeira de estação
toda afogada em peles, na calçada,
ou cada passo nos degraus da escada
marca o compasso do meu coração.

Vem... Não vem... - E esta frase ingênua esvoaça
no ar, desfolhada como um malmequer.
Tamborilando os dedos na vidraça,
eu conto um verso - e no meu verso passa
timidamente um nome de mulher.

Vem... Não vem... Vem... Não vem... - A tarde desce
a mão cansada de dizer adeus...
E eu continuo a minha pobre prece:
- Que seria de mim, se ela não viesse?
E que será quando ela vier, meu Deus?!

NÓS - Vlll - Guilherme de Almeida

Lês um romance. Eu te contemplo. Ondeia,
lá fora, um vento muito leve e brando;
cheira a jasmins o varandim, brilhando
ao doentio clarão da lua cheia.

Vais lendo. E, enquanto tua mão folheia
o livro, eu vejo que, de quando em quando,
estremecendo, sacudindo, arfando,
teu corpo todo num delírio anseia.

Lês. São cenas de amor: o encontro, o ciúme,
idílios, beijos ao luar... Perfume
que sobe da alma, e gira, e se desfaz...

Vais lendo. E tu não sabes que, sozinho,
eu te sigo, eu te sinto, eu te adivinho,
lendo em teus olhos o que lendo estás.

Nós - xxv - Guilherme de Almeida

O nosso ninho, a nossa casa, aquela nossa despretensiosa água-furtada,
tinha sempre gerânios na sacada
e cortinas de tule na janela.

Dentro, rendas, cristais, flores... em cada
canto, a mão da mulher amada e bela
punha um riso de graça. Tagarela,
teu canário cantava à minha estrada.

Cantava... E eu te entrevia, à luz incerta,
braços cruzados, muito branca, ao fundo,
no quadro claro, da janela aberta.

Vias-me. E então, num súbito tremor,
fechavas a janela para o mundo
e me abrias os braços para o amor!

Os últimos românticos - Guilherme de Almeida

Deixas, enquanto o luar branqueia  o espaço,
pela escada de seda, o parapeito...
E vens, leve e ainda quente do teu leito,
como um sono de tule, por meu braço...


Somos o par mais poético e perfeito
dos últimos românticos... Teu passo,
cantando no jardim, marca o compasso
do coração que bate no meu peito.

Depois partes e eu fico. E às escondidas,
sobre a volúpia verde das alfombras,
minha sombra confunde-se na tua...


Ah! pudessem fundir-se nossas vidas
como se fundem nossas duas sombras,
sob o mistério pálido da lua!

Morte -- Guilherme de Almeida

Pois se ela tem que vir, que venha ao menos
num domingo de sol!
Que a manhã seja clara, os céus serenos,
bem alvo o meu lençol!

Alvíssimo: da cor das coisas puras.
Eu gosto dessa cor.
Detesto o negro, o luto, as amarguras,
a tristeza...Que horror!

Que os sinos cantem, nessa madrugada,
bem altos: dlon! dlin! dlan!
E passe muita gente endomingada,
no ar fresco da manhã!

Vestidos claros, de limpeza extrema,
em que o tempo veloz
guarda as dobras e o cheiro de alfazema
das arcas dos avós...

Que perpassem, de leve, nas calçadas,
com muita devoção,
criancinhas saudáveis e enfeitadas,
que vêm da comunhão!

Que desfilem, na rua, as orfãzinhas
de olhar casto e infantil,
nas suas saias muito engomadinhas,
carregadas de anil!

E que as boas velhinhas, escutando
os sinos - dlon! dlin!  dlan! -
passem muito felizes, tropeçando
nos seus chales de lã!

Que haja sol, que haja luz, que haja alegria
no dia em que ela vier!
Porque a terra terá, doce e macia,
um calor de mulher...

E eu passarei, no meio desse povo
religioso e feliz,
endomingado, no meu terno novo,
sapatos de verniz...

Se tudo for assim alegre e puro
no dia em que eu morrer,
eu levarei, no meu caixão escuro,
vontade de viver!

domingo, 10 de janeiro de 2010

Saudade - Guilherme de Almeida

Só.
Para além da janela,
nem uma nuvem, nem uma folha amarela
manchando o dia de ouro em pó...
Mas, aqui dentro, quanta bruma,
quanta folha caindo, uma por uma,
dentro da vida de quem vive só!

Só - palavra fingida,
palavra inútil, pois quem sente
saudade, nunca está sozinho; e a gente
tem saudade de tudo nesta vida...
De tudo! De uma espera
por uma tarde azul de primavera;
de um silêncio;da música de um pé
cantando pela escada;
de um véu erguido; de uma boca abandonada;
de um divã; de um adeus; de uma lágrima até!

No entanto, no momento,
tudo isso passa
na asa do vento,
como um simples novelo de fumaça...
E é só depois de velho, uma tarde esquecida,
que a gente se surpreende e resmungar:
"Foi tudo o que vivi de toda a minha vida!"
E começa a chorar...

sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

Uma carta extraviada - Guilherme de Almeida

Minha única
Sim.É bem verdade. Faz
"tanto tempo, meu Deus, que não escrevo! Mas,
"procure compreender meu silêncio!
"É o meu único bem: é tudo o que
"ainda acho em mim de bom para dar a você.
"O meu silêncio! Pense nele, como eu penso!
"De tudo isto que sou, e que a vida me deu,
"só o meu silêncio é realmente 'meu'.
"Não é o olhar que dispara e vai partir-se contra
"qualquer primeiro obstáculo que encontra...

"Nao é a frase que foge e esvoaça, tonta,
"e vai por em qualquer ouvido o seu gorjeio,
"como uma ave exilada em ninho alheio...
"Não é o gesto que sobe e que desenha no ar
"a alma da gente ante qualquer olhar...
"Não é o beijo que bóia, fútil, sobre o nível
"de qualquer pele, como flor na água sensível...
"Não! É o meu silêncio! O 'meu' silêncio...
"Ah!pense um pouco nele, como eu penso!
"É o olhar que eu não soltei das pálpebras:aquele
"que era da alma - e minha alma precisava dele...
"É a palavra que não feriu nenhum ouvido,
"porque era cada sílaba o batido
"de um pobre coração em sobressalto:
"e o coração não sabe falar alto...
"É o gesto que o meu corpo - único sonho seu -
"sonhou:e, por ser sonho, nunca'aconteceu'...
"É o beijo que ficou, inerte e trêmulo, entre
"os meus lábios, erguendo um gládio ardente,
"proibitivo como um Anjo à frente
"de um Paraíso Perdido...
O 'meu' silêncio!
"Ah! pense um pouco nele, como eu penso!"


[Essa é a carta extraviada:a que o Acaso divino
não deixou que chegasse ao seu destino,
para que nunca, nunca se perdesse,
quebrando o encanto bom de um silêncio como esse].

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Coração - Guilherme de almeida

Lembrança, quanta lembrança
Dos tempos que lá se vão!
Minha vida de criança,
Minha bolha de sabão!

Infância, que sorte cega,
Que ventania cruel,
Que enxurrada te carrega,
Meu barquinho de papel?

Como vais,como te apartas,
E que sozinho que estou!
Ó meu castelo de cartas,
Quem foi que te derrubou?

Tudo muda, tudo passa
Neste mundo de ilusão;
Vai para o céu a fumaça,
Fica na terra o carvão.

Mas sempre, sem que te iludas,
Cantando num mesmo tom,
Só tu, coração, não mudas
Porque és puro e porque és bom! 

domingo, 6 de dezembro de 2009

Felicidade - Guilherme de Almeida

Ela veio bater à minha porta
e falou-me, a sorrir, subindo a escada:
"Bom dia, árvore velha e desfolhada!"
E eu respondi: "Bom dia, filha morta!"

Entrou: e nunca mais me disse nada...
Até que um dia (quando, pouco importa!)
houve canções na ramaria torta
e houve bandos de noivos pela estrada...

Então chamou-me e disse: "Vou-me embora!
Sou a Felicidade! Vive agora
da lembrança do muito que te fiz!"

E foi assim que, em plena primavera,
só quando ela partiu, contou quem era...
E nunca mais eu me senti feliz!

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

A rua das rimas - Guilherme de Almeida


A rua que eu imagino,desde menino,para o meu destino pequenino
é uma rua de poeta, reta, quieta, discreta,
direita, estreita, bem feita, perfeita,
com pregões matinais de jornais, aventais nos portais, animais e varais nos quintais;
e acácias paralelas, todas elas belas, singelas, amarelas, douradas, descabeladas, debruçadas como namoradas para as calçadas;
e um passo,de espaço a espaço, no mormaço de aço baço e lasso;
e algum piano provinciano, cotidiano, desumano, mas brando e brando, soltando, de vez em quando, na luz rala de opala de uma sala uma escala clara que embala;
e, no ar de uma tarde que arde, o alarme das crianças do arrabalde;
e de noite, no ócio capadócio, junto aos lampiões espiões, os bordões dos violões;
e a serenata ao luar de prata (Mulata ingrata que me mata...);
e depois o silêncio, o denso, o intenso, o imenso silêncio...

A rua que eu imagino, desde menino, para o meu destino pequenino
é uma rua qualquer onde desfolha um malmequer uma mulher que bem me quer;
é uma rua, como todas as ruas, com suas duas calçadas nuas,
correndo paralelamente, como a sorte diferente de toda gente, para a frente,
para o infinito; mas uma rua que tem escrito um nome bonito,bendito,que sempre repito
e que rima com mocidade,liberdade,tranquilidade: RUA DA FELICIDADE...

Prelúdio número 2 - Guilherme de almeida

Como é linda a minha terra!
Estrangeiro, olha aquela palmeira como é bela:
parece uma coluna reta reta reta
com um grande pavão verde pousado na ponta,
a cauda aberta em leque.
E na sombra redonda
sobre a terra quente...
(silêncio!)
...há um poeta.

Carta à minha alma - Guilherme de almeida

Minha desconhecida
Nós vivemos
num mundo tão pequeno para nós,
tão juntos - e ainda não nos conhecemos.
Você não sabe ainda a cor
dos meus olhos, nem a inflexão da minha voz,
nem o humano calor
das minhas pobres mãos de barro,
nem o perfume azul do meu cigarro...
Eu ainda não sei a altura do seu céu,
nem o vôo levíssimo do véu
dos seus sonhos e dos seus dedos,
nem o nível dos seus folguedos,
nem o fundo dos seus segredos...
No entanto, um mesmo teto abençoa e agasalha
nossas vidas alheias
(como é um mesmo o que abriga o crente e a santa):
moramos paredes-meias,
como o homem triste que trabalha
e a menina boêmia que canta...
Nós somos dois anônimos vizinhos.
E, para sermos "dois" no mundo, para
sermos assim sozinhos,
entre a nossa recíproca ignorância,
entre nós dois, há apenas a distância
da parede comum que nos separa.
Ela chama-se"Vida" .
Só ela nos divide - a opaca intrometida.
Contra essa intrusa, para disfarçá-la
eu,daqui do meu lado, ao longo desta sala,
estendi numa longa, longa estante
toda uma biblioteca anestesiante.
Do seu lado, ela deve estar vestida
com um chale de cachemira sobre o qual
ressona o oco de uma guitarra adormecida,
e fenece um retrato íntimo e antigo, a lápis,
com uma florzinha pálida dos Alpes
esmigalhada no cristal...
Assim tão juntos nós vivemos
e infelizmente nem sequer nos conhecemos.
Hoje, não sei por que,
tive vontade de escrever para você,
de perguntar baixinho ao seu ouvido:
-Diga! para que nós nos encontremos
será preciso, então, que algum ciclone
se abata sobre nós e desmorone
a parede comum que nos separa: a Vida?
Ou - o que para mim será mais morte ainda -
minha linha imortal, minha alma linda,
será que alguma vez nós já nos encontramos
e, sem nos ver, sem nos reconhecer, passamos?...

Fetichismo - Guilherme de almeida

Sou fetichista, adoro tudo
que é teu:a página marcada
de um livro; o sono de veludo
da tua lânguida almofada;
um cravo esplêndido e vermelho
que morre; a vida singular
que tu puseste em cada espelho,
ao sortilégio de um olhar;

aquele acorde,aquela escala
que do teu piano andou suspensa
na ressonância desta sala;
a tua lâmpada; a presença
imperativa de um perfume:
o teu chapéu... - tudo afinal
que vem de ti,que te resume,
tem seu prestígio emocional!

E este contato voluptuoso
com tanta coisa evocativa
é tão sensual, tão delicioso
para minha alma sensitiva,
que espero, cheio de ansiedade,
cada momento em que te vais,
e chego mesmo a ter vontade
de que não voltes nunca mais!