segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Soneto VIII - Guilherme de Almeida

Por que confiado estou dos fingimentos
de mores bens e de menores danos,
se o de que vive amor são desenganos,
se o de que morre são contentamentos?
Ah! que tomar pudera aos meus tormentos
que em outro tempo tive por tiranos!
Que hoje é dias, semanas, meses, anos,
séc'los aquilo que era só momentos.
E vejo a vida assim tão mal devida
ao mal d'amor que tanto bem lhe deve
e lhe paga co duro desfavor.
Por que viver d'amor e amar a vida,
se para o bem amar a vida é breve,
se para o bem viver é breve o amor?

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