Pus-me a cantar minha pena
com uma palavra tão doce,
de maneira tão serena,
que até Deus pensou que fosse
felicidade - e não pena.
Anjos de lira dourada
debruçaram-se da altura.
Não houve, no chão, criatura
de que eu não fosse invejada,
pela minha voz tão pura.
Acordei a quem dormia,
fiz suspirarem defuntos.
Um arco-íris de alegria
da minha boca se erguia
pondo o sonho e a vida juntos.
O mistério do meu canto.
Deus não soube, tu não viste.
Prodígio imenso do pranto:
-Todos perdidos de encanto,
só eu morrendo de triste!
Por isso tão docemente
meu mal transformar em verso,
oxalá Deus não o aumente,
para trazer o universo
de pólo a pólo contente!
FEIRA DO LIVRO - PARTE 2
Há 21 horas
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