domingo, 22 de agosto de 2010

Para o meu coração basta o teu peito - Pablo Neruda

Para o meu coração basta o teu peito,
para que sejas livre, as minhas asas.
De minha boca chegará até o céu
o que dormido estava em tua alma.

Tu trazes a ilusão de cada dia.
Chegas como o orvalho nas corolas.
Com tua ausência escavas o horizonte.
Eternamente em fuga, irmã das ondas.

Já disse que o teu canto era o do vento
como cantam os mastros e os pinheiros.
És como eles alta e taciturna.
E entristeces de pronto, como uma viagem.

Acolhedora como antiga senda.
Abrigas ecos e vozes nostálgicas.
Desperto e alguma vez emigram, fogem
pássaros dormidos em tua alma.

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