segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Desejo - Cassiano Ricardo

As coisas que não conseguem morrer
só por isso são chamadas eternas.
As estrelas, dolorosas lanternas
que não sabem o que é deixar de ser.

Ó força incognoscível que governas
o meu querer, como o meu não-querer.
Quisera estar entre as simples luzernas
que morreram no primeiro entardecer.

Ser deus - e não as coisas mais ditosas
Quanto mais breves, como são as rosas -
é não sonhar, é nada mais obter.

Ó alegria dourada de o não ser
entre as coisas que são, e as nebulosas,
que não conseguem dormir nem morrer.

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