Nada melhor do que um relógio antigo
pra quem cultive a graça das demoras.
Um relógio que, por absurdo e ambíguo
marque mais os outroras que os agoras.
Um monstro tardo, não obstante assíduo,
que acuse mais os anos do que as horas.
E mais viva atrasado no castigo
que a me indagar na pressa: por que choras?
O que mandei comprar a um velho avaro
é assim - memória no desassossego.
Gorjeia às vezes mais do que um canário.
Relógio sub-reptício que (morcego)
chupa o meu sangue mas, em cada brecha,
as asas dos ponteiros abre e fecha...
FEIRA DO LIVRO - PARTE 2
Há 20 horas
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