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quinta-feira, 1 de abril de 2010

Feminina - Mario de Sá-Carneiro

Eu queria ser mulher pra me poder estender
Ao lado dos meus amigos, nas banquettes dos cafés.
Eu queria ser mulher para poder estender
Pó de arroz pelo rosto, diante de todos, nos cafés.

Eu queria ser mulher pra não ter que pensar na vida
E conhecer muitos velhos a quem pedisse dinheiro
Eu queria ser mulher para passar o dia inteiro
A falar de modas e a fazer "potins" - muito entretida.

Eu queria ser mulher para mexer nos meus seios
E aguçá-los ao espelho, antes de me deitar.
Eu queria ser mulher para que me fossem bem estes enleios,
Que num homem, francamente, não se podem desculpar.

Eu queria ser mulher para ter muitos amantes
E enganá-los a todos - mesmo ao predilecto-
Como eu gostava de enganar o meu amante loiro, o mais esbelto,
Com um rapaz gordo e feio, de modos extravagantes...

Eu queria ser mulher para excitar quem me olhasse,
Eu queria ser mulher pra me poder recusar...

segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

Amor é chama que mata... - Mário de Sá-Carneiro

Amor é chama que mata,
Dizem todos com razão.
É mal do coração
E com ele se endoidece.
O amor é um sorriso
Sorriso que desfalece.
Madeixa que se desata
Denominando-no também.
O amor não é um bem:
Quem ama padece.
O amor é um perfume
Perfume que se esvaece.