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domingo, 15 de agosto de 2010

Há uma orquídea florindo - Albano Martins

Há uma orquídea
florindo - teu
sorriso. Alegre
emanação da terra, folha
do vento, súplice
auréola do sangue, doce
colina e anêmona
do mar.

Cruzeiro Seixas: os dedos filtram a sombra - Albano martins

Entre o real e o sonho,
o sonho do real,
a realidade do sonho.

Entre a luz e a parede
oblíqua, os dedos
filtram a sombra estagnada.

Entre o disforme e o informe,
a forma
solenemente exata.

Abarco todo o horizonte - Albano Martins

Abarco todo o horizonte.
Dentro de mim há só água,
água estagnada, dos charcos
represos da minha mágoa.

Tenho tudo nos meus olhos,
as cores todas, e ponho
um leve acento de angústia
nas margens tristes do sonho.

Dentro de mim só há sombra.
O que possa acontecer
vai rasgando espaços brancos
nas fronteiras do meu ser.

Basta uma flor - Albano Martins

Basta uma flor,
basta uma asa
para saber que a primavera
entrou em nossa casa.

O ritmo do universo - Albano Martins

O ritmo
do universo
cabe,
inteiro,
na pupila
dum verso.

Não forces a tua inspiração - Albano Martins

Não forces a tua inspiração.
Deixa a poesia vir naturalmente
e não obrigues a mentir o coração.

Procura ser espontâneo,
A verdadeira beleza
está no que o homem tem de semelhante
com a natureza.

Meus versos - Albano martins

Meus versos, gritos do vento nas ramagens,
são a minha própria alma angustiada
a refletir imagens
duma lenda, em mim iniciada.

São a ternura destas mãos que escrevem
desatinadas palavras de ansiedade.
Meus versos são a voz da minha voz, a margem
que há entre o sonho e a realidade.

Meus versos
são encontros da sombra com a luz.
São perfis irregulares, talhados
na emoção que os revela e os traduz.

Meus versos
são distâncias várias dum único caminho.
Pássaros que abandonaram
o calor e o âmbito do ninho.