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domingo, 15 de abril de 2012

Meu epitáfio - Cora Coralina

Morta... serei árvore,
serei tronco, serei fronde
e minhas raízes
enlaçadas às pedras de meu braço
são as cordas que brotam de uma lira.

Enfeitei de folhas verdes
a pedra de meu túmulo
num simbolismo
de vida vegetal.

Não morre aquele
que deixou na terra
a melodia de seu cântico
na música de seus versos.


Coralina, Cora, 1889-1985.
Melhores poemas/ Cora Coralina;seleção e apresentação Darcy França Denófrio. 2ª ed. rev. e ampliada - São Paulo: Global, 2004.

Ofertas de Aninha (aos moços) - Cora Coralina

Eu sou aquela mulher
a quem o tempo
muito ensinou.
Ensinou a amar a vida.
Não desistir da luta.
Recomeçar na derrota.
Renunciar a palavras e pensamentos negativos.
Acreditar nos valores humanos.
Ser otimista.

Creio numa força imanente
que vai ligando a família humana
numa corrente luminosa
de fraternidade universal.
Creio na solidariedade humana.
Creio na superação dos erros
e angústias do presente.

Acredito nos moços.
Exalto sua confiança,
generosidade e idealismo.
Creio nos milagres da ciência
e na descoberta de uma profilaxia
futura dos erros e violências
do presente.

Aprendi que mais vale lutar
do que recolher dinheiro fácil.
Antes acreditar do que duvidar.


Coralina, Cora, 1889-1985.
Melhores poemas/ Cora Coralina; seleção e apresentação Darcy França Denófrio. 2ª ed. rev. e ampliada.- São Paulo: Global, 2004.- (coleção melhores poemas/direção Edla van Steen).

domingo, 14 de fevereiro de 2010

Aninha e suas pedras - Cora Coralina

 Não te deixes destruir...
Ajuntando novas pedras
e construindo novos poemas.

Recria tua vida, sempre, sempre.
Remove pedras e planta roseiras e faz doces. Recomeça.

Faz de tua vida mesquinha
um poema.
E viverás no coração dos jovens
e na memória das gerações que hão de vir.

Esta fonte é para uso de todos os sedentos.
Toma a tua parte.
Vem a estas páginas
e não entraves seu uso
aos que tem sede.

Meu Epitáfio - Cora Coralina

Morta... serei árvore,
serei tronco, serei fronde
e minhas raízes
enlaçadas às pedras de meu berço
são as cordas que brotam de uma lira.

Enfeitei de folhas verdes
a pedra de meu túmulo
num simbolismo
de vida vegetal.

Não morre aquele
que deixou na terra
a melodia de seu cântico
na música de seus versos.

sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

Poeminha amoroso - Cora Coralina

Este é um poema de amor
tão meigo, tão terno, tão teu...
É uma oferenda aos teus momentos
de luta e de brisa e de céu...
E eu,
quero te servir a poesia
numa concha azul do mar
ou numa cesta de flores do campo.
Talvez tu possas entender o meu amor.
Mas se isso não acontecer,
não importa.
Já está declarado e estampado
nas linhas e entrelinhas
deste pequeno poema,
o verso;
o tão famoso e inesperado verso que
te deixará pasmo, surpreso, perplexo...
eu te amo, perdoa-me, eu te amo...

Assim eu vejo a vida - Cora Coralina

A vida tem duas faces:
positiva e negativa
O passado foi duro
mas deixou o seu legado.
Saber viver é a grande sabedoria.
Que eu possa dignificar
minha condição de mulher,
aceitar suas limitações,
e me fazer pedra de segurança
dos valores que vão desmoronando.
Nasci em tempos rudes,
aceitei contradições,
lutas e pedras
como lições de vida
e delas me sirvo.
Aprendi a viver.

Saber viver - Cora Coralina

Não sei... se a vida é curta...
Não sei...
Não sei... se a vida é curta
ou longa demais para nós.
Mas sei que nada do que vivemos
tem sentido,se não tocarmos o coração das pessoas.

Muitas vezes basta ser:
Colo que acolhe,
braço que envolve,
palavra que conforta,
silêncio que respeita,
alegria que contagia,
lágrima que corre,
olhar que acaricia,
desejo que sacia,
amor que promove.

E isso não é coisa de outro mundo.
É o que dá sentido à vida.

É o que faz com que ela
não seja nem curta,
nem longa demais,
mas que seja intensa,
verdadeira, pura...
enquanto durar.