Não estive presente
quando se perpetrou
o crime de viver:
quando os olhos despiram,
quando as mãos se tocaram,
quando a boca mentiu,
quando os corpos tremeram,
quando o sangue correu.
Não estive presente.
Estive fora, longe
do mundo, no meu mundo
pequeno e proibido
que embrulhei e amarrei
com cordéis apertados
de meridianos meus
e de meus paralelos.
Os versos que escrevi
provam que estive ausente.
Eu estou inocente.
Almeida, Guilherme de,1890-1969.
os melhores poemas de Guilherme de Almeida/seleção de CarlosVogt - 3ªed.
São Paulo-:Global,2004.
FEIRA DO LIVRO - PARTE 2
Há 21 horas
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