Flora era como madrugada.
Trazia no corpo a cor da noite somada
ao brilho do dia.
Era ônix molhado com a claridade do sol.
Sua maneira de viver era estar entre
o plantio e a colheita.
Passava os dias escutando o sol,
entre nuvens, para nas noites dialogar
com a lua, entre estrelas.
E para melhor escutar, Flora
restava sempre em silêncio.
Assim sendo, Flora era medianeira
entre a penumbra e o mistério.
...Flora segurava sementes
na palma da mão e sua alma se abria em festa
diante de tamanho alumbramento.
Seus olhos inquietavam o pensamento ao pensar
no gosto, no perfume, na cor, na forma existente
no interior de cada grão.
Poesia contida e pronta para interrogar
a possibilidade do infinito.
Nesse momento ela descobria que nascer
só valia a pena quando para bem viver a diferença.
Queirós, Bartolomeu Campos de
Flora/Bartolomeu Campos de Queirós;
ilustrações Ellen Pestili. 2ªed. - São Paulo: Global, 2009.
FEIRA DO LIVRO - PARTE 2
Há 21 horas
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