Às vezes, por prazer, os homens de equipagem
Pegam um albatroz, enorme ave marinha,
Que segue, companheiro indolente de viagem,
O navio que sobre os caminhos caminha.
Mal o põem no convés por sobre as pranchas rasas,
Esse senhor do azul, sem jeito e envergonhado,
Deixa doridamente as grandes e alvas asas
Como remos cair e arrastar-se a seu lado.
Que sem graça é o viajor alado sem seu ninho!
Ave tão bela, como está cômica e feia!
Um o irrita chegando ao seu bico em cachimbo,
Outro põe-se a imitar o enfermo que coxeia!
O poeta é semelhante ao príncipe da altura
Que busca a tempestade e ri da flexa no ar,
Exilado no chão, em meio à corja impura,
A asa de gigante impedem-no de andar.
Baudelaire, Charles. "O Albatroz". Tradução de Guilherme de Almeida. In:Magalhães Junior,R. Antologia de poetas franceses do século XV ao século XX. Rio de Janeiro: Gráfica Tupy, 1950.
Postado por Antonio Cícero em Acontecimentos.
FEIRA DO LIVRO - PARTE 2
Há 20 horas
Nenhum comentário:
Postar um comentário