Eu canto porque o instante existe
e a minha vida está completa.
Não sou alegre nem sou triste: sou poeta.
Irmão das coisas fugidias ,não sinto gozo nem tormento.
Atravesso noites e dias no vento.
Se desmorono ou se edifico,
se permaneço ou me desfaço,
- não sei, não sei.
Não sei se fico ou passo.
Sei que canto.
E a canção é tudo.
Tem sangue eterno a asa ritmada.
E um dia sei que estarei mudo:
- mais nada.
Cecília Meireles
FEIRA DO LIVRO - PARTE 2
Há 21 horas
VI
ResponderExcluirTu tens um medo:
Acabar.
Não vês que acabas todo o dia.
Que morres no amor.
Na tristeza.
Na dúvida.
No desejo.
Que te renovas todo o dia.
No amor.
Na tristeza.
Na dúvida.
No desejo.
Que és sempre outro.
Que és sempre o mesmo.
Que morrerás por idades imensas.
Até não teres medo de morrer.
E então serás eterno.
De Cecília Meirelles, no livro "Cânticos", Editora Moderna, 1983.
O que dizer de Cecília Meireles ?
ResponderExcluirGosto dela como poetisa, como educadora que foi,cronista,jornalista,escritora e professora que lutou muito pela educação no Brasil,pelos seus ideais de educação com toda a dignidade e coragem.Sempre preocupou-se não só com a informação mas com a formação das crianças.Sempre tentou encontrar caminhos para esse problema que era e continua sendo a educação e cultura nesse país.Já naquele tempo ela dizia"Ou marchamos logo para a educação do povo,ou caminharemos para o caos" .Seus livros de crõnicas de educação deveriam ser leitura obrigatória dos educadores.Como já ouvi dizer: "Cecília tinha o vício de gostar de gente".