Poeta fui e do áspero destino
Senti bem cedo a mão pesada e dura.
Conheci mais tristeza que ventura
E sempre andei errante e peregrino.
Vivi sujeito ao doce desatino
Que tanto engana, mas tão pouco dura;
E ainda choro o rigor da sorte escura,
Se nas dores passadas imagino.
Porém, como me agora vejo isento
Dos sonhos que sonhava noite e dia,
E só com saudades me atormento;
Entendo que não tive outra alegria
Nem nunca outro qualquer contentamento
Senão de ter cantado o que sofria.
Albano, José. "Soneto". In: Campos, Paulo Mendes. Forma e expressão do soneto. Rio de Janeiro: Ministério da Educação e Cultura, 1952.
Postado por Antonio Cícero em Acontecimentos.
FEIRA DO LIVRO - PARTE 2
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