Estas cinco horas da tarde
jamais voltarão a acontecer.
A mulher lendo e escrevendo à mesa
enquadrada por orquídeas no jardim.
O Sol numa rajada de luz
entre cortinas e ramagens.
A cama desfolhada, possuída
num repouso de lembranças.
Leio um ensaio sobre a poetisa
que ajudei a parir.
Nunca mais estarei aqui
às cinco horas de uma tarde assim.
Na estrada, entre pinheiros,
passa, de bengala, o vizinho
que envelhece,
vai comer bolo e chá
com a vizinha pianista.
Pássaros cantando, insetos voam
e eu sinto uma paz absurda
como se essas cinco horas da tarde
fossem me transcender.
FEIRA DO LIVRO - PARTE 2
Há 2 dias
Como eu gosto desse poeta meu Deus!
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