O filho que não fiz
hoje seria homem.
Ele corre na brisa,
sem carne, sem nome.
Às vezes o encontro
num encontro de nuvem.
Apoia em meu ombro
seu ombro nenhum.
Interrogo meu filho,
objeto de ar:
em que gruta ou concha
quedas abstrato?
Lá onde eu jazia,
responde-me o hálito,
não me percebeste,
contudo chamava-te
como ainda te chamo
(além, além do amor)
onde nada, tudo
aspira a criar-se.
O filho que não fiz
faz-se por si mesmo.
Andrade, Carlos Drummond de, 1902-1987.
Claro enigma/ Carlos Drummond de Andrade;
São Paulo: Companhia das letras, 2012.
FEIRA DO LIVRO - PARTE 2
Há 21 horas
Nidia, obrigada pelo carinho. Fico muito feliz pelo Blog. Apareça sempre. Beijo
ResponderExcluirParafraseando o Livro por excelência, a Bíblia, todo aquele que renunciar pais, mães, irmãos, filhos e até mesmo um Drummond como pai ou este renunciar um filho, por amor ao Reino de Cristo receberá em dobro todos esses bens já aqui neste mundo, apesar de em dobro sofrer tribulações.
ResponderExcluirOs filhos da carne, podem ser abstratos para aqueles que não os tiveram, mas segundo minha fé, são mais reais ainda os filhos espirituais, os da fé.
Apenas quis contribuir com um olhar cristão para o poema de Drummond que este ano completaria 110 anos de vida.
Parabéns pelo Blog e que Deus o abençoe.
JOÃO EMILIANO MARTINS NETO