Falo-me em versos tristes,
Entrego-me a versos cheios
De névoa e de luar;
E esses meus versos tristes
São ténues, céleres veios
Que esse vago luar
Se deixa pratear.
Sou alma em tristes cantos,
Tão tristes como as águas
Que uma castelã vê
Perderem-se em recantos
Que ela em soslaio, de pé,
No seu castelo de prantos
Perenemente vê...
Assim as minhas mágoas não domo
Cantam-me não sei como
E eu canto-as não sei porquê.
Pessoa, Fernando,1888-1935.
Poesia, 1902-1917/ Fernando Pessoa; ed. Manuela Parreira da Silva, Ana Maria Freitas, Madalena Dine.-São Paulo: Companhia das Letras, 2006.
FEIRA DO LIVRO - PARTE 2
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