Tanto mais eu te contemplo
tanto mais eu me absorvo
e me extasio.
Como te explicar
o que em teu corpo eu sinto,
o que em teus olhos vejo,
quando nua nos meus braços
nos meus olhos nua,
de novo eu te procuro
e no teu corpo vou-me achar?
Como te explicar
se em teu corpo eu me eternizo
e de onde e como
sendo eu pequeno e frágil
pelo amor me dualizo?
Tanto mais eu te possuo
tanto mais te tornas bela,
tanto mais me torno eu puro.
E à força, de tanto contemplar-te
e de querer-te tanto,
já pressinto que em mim mesmo
eu não me tenho,
mas de meu ser, ora vazio,
pouco a pouco fui mudando
para o teu ser de graça cheio.
Sant'Anna, Affonso Romano, 1937-
Poesia reunida: 1965-1999 / Affonso Romano de Sant'Anna.- Porto Alegre: L&PM, 2004.
FEIRA DO LIVRO - PARTE 2
Há 21 horas
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