quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Testamento - Manuel Bandeira


O que não tenho e desejo
É que melhor me enriquece.
Tive uns dinheiros - perdi-os...
Tive amores - esqueci-os.
Mas no maior desespero
Rezei: ganhei essa prece.

Vi terras da minha terra.
Por outras terras andei.
Mas o que ficou marcado
No meu olhar fatigado,
Foram terras que inventei.

gosto muito de crianças:
Não tive um filho de meu.
Um filho!...Não foi de jeito...
Mas trago dentro do peito
Meu filho que não nasceu.

Criou-me, desde eu menino,
Para arquiteto meu pai.
Foi-se-me um dia a saúde...
Fiz-me arquiteto? Não pude!
Sou poeta menor, perdoai!

Não faço versos de guerra.
Não faço porque não sei.
Mas num torpedo-suicida
Darei de bom grado a vida
Na luta em que não lutei!

Um comentário:

  1. Guilherme de Almeida,eu te perdoo por ser,como você mesmo disse, um poeta menor( valha-me Deus!)Sou uma pessoa muito compreensiva!rsrsrsrsr

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