Quem falou de primavera
sem ter visto o teu sorriso,
falou sem saber o que era.
Pus o meu lábio indeciso
na concha verde e espumosa
modelada ao vento liso:
tinha frescuras de rosa,
aroma de viagem clara
e um som de prata gloriosa.
Mas desfez-se em coisa rara:
pérolas de sal tão finas
- nem a areia as igualara!
Tenho no meu lábio as ruínas
de arquiteturas de espuma
com paredes cristalinas...
Voltei aos campos de bruma,
onde as árvores perdidas
não prometem sombra alguma.
As coisas acontecidas,
mesmo longe, ficam perto
para sempre e em muitas vidas:
mas quem falou de deserto
sem nunca ver os meus olhos...
- falou, mas não estava certo.
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