domingo, 8 de janeiro de 2012

Acalanto - João de Jesus Paes Loureiro

E noite é noite alta
e, no poema,
silabam-se saudades de quem amo.
O que faria agora,
nessa hora,
aquela que me ama
e a quem eu quero?
Por que não está
aqui comigo,
entre as estrelas,
que adornam o colo claro desta noite?
(A noite debruçando em seu silêncio
a flor da solidão, pálida lua...)

Oh! sonho traz-me em tua caravela
aquela que me ama
e a quem adoro...
Tão bela
em sua moldura de ternura,
de alma musical
e meigo canto.

Então, brisa da noite, oh! brisa leve
revoa sobre o sonho - essa lagoa -
e pousa na sacada, onde ela espera
a estrela, onde me escondo para vê-la...
Vai a seu leito e roça no seu lábio
esta flor,
esta pétala de beijo.

Mas, tão de leve que ela não desperte,
e mansamente continue sonhando...



Roteiro de poesia brasileira: anos 60/seleção e prefácio Pedro Lyra; [direção Edla van Steen] - São Paulo: Global, 2011.- (Coleção Roteiro da poesia brasileira).

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