As palavras da infância tinham mágicas
Que os mágicos somente saberão,
E um ardor que os pomadores e os jardins
Nunca imaginam para o seu verão.
Palavras que - provindas de bem longe-
Viram nascer na luz de infantes olhos
O tamanho das coisas e dos homens
Medido por sua vara de condão.
O viço das palavras encantadas
Que os meninos trocavam sobre o mundo
Entre luas perdidas nas calçadas
Emanavam de um tempo mais profundo.
De um tempo em que os meninos não procuram
Outros nomes além dos nomes seus.
E nas conversas - cheias de futuro-
Nenhum fim vislumbravam num adeus.
Como os nomes que dávamos às coisas
Da malícia eram livres do legado
Saí de uma cidade para outra
Quando menino procurando Arnaldo.
Arnaldo. Não um nome de família.
Arnaldo apenas. Nada mais que Arnaldo.
Na infância os nossos nomes são o altar
De todas as estrelas em vigília.
Roteiro da poesia brasileira: anos 60/seleção e prefácio Pedro Lyra; [direção Edla van Steen] - São Paulo: Global, 2011. - (Coleção Roteiro da poesia brasileira).
FEIRA DO LIVRO - PARTE 2
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