sábado, 21 de janeiro de 2012

O país das maravilhas - Antonio Cícero

Não se entra no país das maravilhas,
pois ele fica do lado de fora,
não do lado de dentro. Se há saídas
que dão nele, estão certamente à orla
iridescente do meu pensamento,
jamais no centro vago do meu eu.
E se me entrego às imagens do espelho
ou da água, tendo no fundo o céu,
não pensem que me apaixonei por mim.
Não: bom é ver-se no espaço diáfano
do mundo, coisa entre coisas que há
no lume do espelho, fora de si:
peixe entre peixes, pássaro entre pássaros,
um dia passo inteiro para lá.



A lua no cinema e outros poemas/ organização Eucanaã Ferraz. - São Paulo:
Companhia das Letras, 2011.

Nenhum comentário:

Postar um comentário