É triste ver-se o homem por dentro:
tudo arrumado, cerrado, dobrado
como objetos num armário.
A alma , não.
É triste ver-se o mapa das veias,
e esse pequeno mar que faz trabalhar seus rios
como por obscuras aldeias
indo e vindo, a carregar vida, estranhos escravos.
Mas a alma?
É triste ver-se a elétrica floresta
dos nervos: para estrelas de olhos e lágrimas,
para a inquieta brisa da voz,
para esses ninhos contorcidos do pensamento.
E a alma?
É triste ver-se que de repente se imobiliza
esse sistema de enigmas,
de inexplicado exercício,
antes de termos encontrado a alma.
Pela alma choramos.
Procuramos a alma.
Queríamos alma.
FEIRA DO LIVRO - PARTE 2
Há 2 dias
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