sexta-feira, 25 de dezembro de 2009

Desencanto - Manuel Bandeira

Eu faço versos como quem chora
De desalento...de desencanto...
Fecha o meu livro, se agora
não tens motivo nenhum de pranto.

Meu verso é sangue. Volúpia ardente...
Tristeza esparsa...remorso vão...
Dói-me nas veias. Amargo e quente,
Cai, gota a gota, do coração.

E nestes versos de angústia rouca
assim dos lábios a vida corre,
Deixando um acre sabor na boca.

-  Eu faço versos como quem morre.

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