Certas coisas
não se podem deixar para depois.
Muitos poemas perdi
pensando: "depois escrevo",
"agora estou almoçando"
ou "consertando a porta".
Assim, adiei-perdi
o melhor? de mim.
Certas coisas
não se podem deixar para depois,
e nisto incluo: frutos no galho,
mudanças sociais,
certas coxas e bocas
e esta manhã que se esvai.
Certas coisas
não se podem deixar para depois.
O amor não se adia
como se adiam o imposto, a viagem, a utopia.
O desejo sabe o que quer,
detesta burocracia.
Feito depois, o amor
é murcha lembrança
do que, não sendo, seria.
Certas coisas
não se podem deixar para depois.
Como o amor e as pessoas,
não se pode recuperar
- a poesia.
FEIRA DO LIVRO - PARTE 2
Há uma semana
Ai, mãe, que doçura esse poema. *_*
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