domingo, 3 de janeiro de 2010

Poema-postal (dedicatória em 1905) - Euclides da Cunha

Se acaso uma alma se fotografasse
de sorte que , nos mesmos negativos;
A mesma luz pusesse em traços vivos
O nosso coração e a nossa face.

E os nossos ideais, e os mais cativos
De nossos sonhos...Se a emoção que nasce
Em nós, também nas chapas se gravasse
Mesmo em ligeiros traços fugitivos;

Amigo! tu terias com certeza
A mais completa e insólita surpresa
Notando - deste grupo bem no meio -

Que o mais belo, o mais forte, o mais ardente
Destes sujeitos é precisamente
O mais triste, o mais pálido, o mais feio.

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