sexta-feira, 1 de janeiro de 2010

Metade - Ferreira Gullar

Que a força do medo que eu tenho,
não me impeça de ver o que anseio.

Que a morte de tudo o que acredito
não me tape os ouvidos e a boca.

Porque metade de mim é o que eu grito,
mas a outra metade é silêncio...

Que a música que eu ouço ao longe,
seja linda, ainda que triste...

Que a mulher que eu amo
seja para sempre amada
mesmo que distante.

Porque a metade de mim é partida,
mas a outra metade é saudade.

Que as palavras que eu falo
não sejam ouvidas como prece
e nem repetidas com fervor,
apenas respeitadas,
como a única coisa que resta
a um homem inundado de sentimentos.

Porque metade de mim é o que ouço,
mas a outra metade é o que calo.

Que essa minha vontade de ir embora
se transforme na calma e na paz
que eu mereço.

E que essa tensão
que me corrói por dentro
seja um dia recompensada.

Porque metade de mim
é a lembrança do que fui,
a outra metade eu não sei.

Que não seja preciso
mais do que uma simples alegria
para me fazer aquietar o espírito.

E que o teu silêncio
me fale cada vez mais.

Porque metade de mim
é abrigo, mas a outra metade é cansaço.

Que a arte nos aponte uma resposta,
mesmo que ela não saiba.

E que ninguém a tente complicar
porque é preciso simplicidade
para fazê-la florescer.

Porque metade de mim é platéia
e a outra metade é canção.

E que a minha loucura seja perdoada.

Porque metade de mim é amor,
e a outra...
também.

4 comentários:

  1. Este poema não é do Ferreira Gullar. É do Oswaldo Montenegro. Verficar biografia.

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  2. Eu recebi eese poema por email através de slides, com narração de Oswaldo Montengro. Muito lindo, inspirador. Emocionante!!!
    Para acessar meu blog: ww.qbonecadoll.blogspot.com. Vai se emocionar também, garanto!!

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  3. Sobre a autoria do poema: http://leaoramos.blogspot.com/2007/06/que-minha-loucura-seja-perdoada-em.html

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  4. Caros companheiros de poesia
    Realmente, esse poema não é de Ferreira Gullar. Há um poema dele chamado traduzir-se que pode provocar confusão. Agradeço a preciosa colaboração.
    Ana cristina Penov

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