domingo, 24 de janeiro de 2010

Já não sou eu, mas a flor - Cecília Meireles

Já não sou eu, mas a flor
que um dia se tem na mão.
O que me  resta de amor
é de um outro coração.

Ainda que pise este chão,
ando tão alheia a mim
que já não sei aonde vão
os motivos por que vim.

Já não sou eu, mas a voz
que outros não escutarão:
o hino que se eleva após
A dor do Sim e do Não.

Assim foi feito. E aonde for
já não mais me encontrarão.
Perde-se em perfume a flor
um dia aberta na mão.

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