É forçoso dizer que me faz falta
o poema que existe e nunca li,
como se alhures
brotassem coisas que não vi
e que distantes,
carentes,
dependessem de mim.
Algo como se o intocado fosse a sinfonia
inacabada, mais: rasgada
como o quadro nunca esboçado, perdido
na abatida mão do artista.
O ausente
é uma planta
que na distância se arvora
e é tão presente
quanto o passado que aflora.
E a literatura, mais que avenida ou praça
por onde cavalga a glória, é um monumento,
sim, de dúbia estória: granito e rima,
alegoria ao vento, lugar onde carentes
e arrogantes
cravamos nosso nome de turista :
- estive aqui, desamado,
riscando a pedra e o tempo
expondo meu sangue e nome
com o coraçâo trespassado.
FEIRA DO LIVRO - PARTE 2
Há 21 horas
...O ausente
ResponderExcluiré uma planta
que na distância se arvora
e é tão presente
quanto o passado que aflora.